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Assim que o relógio marca 12h01 e seu coração começa a afundar em dúvidas, sua cela se apaga. (...) Na soleira está uma mulher mais velha, cabelos grisalhos raspados e um código tatuado ao lado do olho. Ela é da velha guarda, da primeira geração de inorgânicas.

(R. E. MacAskill, “Uma malha fina”. in. Sci-Fi Abolicionista)

O Projeto Ornitorrinco produz informações a respeito da emergência de novos regimes tecnopunitivos no arquipélago carcerário brasileiro. O escopo de preocupações consiste nas atuais transformações e redimensionamentos da ordem do castigo, alimentados pelas superposições e acoplamentos entre a intensificação da violência de Estado e a reconfiguração das relações corpo-máquina.

Tecnologias forenses de perfilamento genético; artefatos psicofarmacológicos de regulação de condutas; dispositivos eletrônicos de sensoriamento via satélite e sistemas sociotécnicos de aprisionamento e tortura constituem alguns dos elementos sobre os quais se baseiam as metamorfoses contemporâneas do sistema penal.

Impulsionados pela efervescência de um mercado punitivo em ascensão, os novos aparatos de controle carcerário revitalizam o castigo como fonte de lucro e mecanismo fundamental de ordenamento político. Subsumidos ao caráter seletivo que orienta e estrutura a atuação das agências de segurança e justiça, seus principais efeitos redundam no aprofundamento dos processos de racialização e violência institucional que perpetuam os alicerces de uma ordem colonial. 

Fruto de pesquisas qualitativas e levantamento de dados quantitativos a respeito das atuais configurações do encarceramento em massa e da violência estatal no Brasil, o Projeto Ornitorrinco é direcionado sobretudo a movimentos sociais, organizações da sociedade civil, pesquisadorxs, militantes, jornalistas, administradorxs públicxs e operadorxs do direito, implicadxs em questões referentes à justiça criminal, segurança pública, colonialismo, racismo institucional, tecnologias de vigilância, letalidade estatal e técnicas governamentais de regulação da vida.

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